Como uma decisão estratégica transformou o gigante chinês em um fantasma nas buscas e o que isso revela sobre o poder invisível do marketing digital.
Era uma manhã como qualquer outra nos escritórios da Temu nos EUA até que, de repente, o aplicativo sumiu. Não da loja virtual, mas dos holofotes digitais. O corte abrupto de 100% dos investimentos em anúncios no Google Shopping fez com que o app, antes onipresente, virasse um espectro e as impressões publicitárias evaporaram, e o ranking na App Store despencou como um tijolo no vácuo.
Erro ou decisão no dia e momento errado?
Os dados são implacáveis. Gráficos do Smarter Ecommerce e Sensor Tower mostram a queda livre em uma linha que lembra mais um penhasco do que um declive. Em dias, a participação nas impressões do Google Shopping que chegava a picos de 30% zerou. O ranking entre os apps gratuitos para iPhone, antes estável no top 10, afundou para territórios obscuros.
O caso da Temu é um experimento involuntário sobre a fragilidade do sucesso digital. Sem os anúncios, o app não apenas desapareceu das buscas, mas perdeu o momentum orgânico.
“Quando você desliga o combustível pago, o algoritmo do Google interpreta como falta de relevância”, explica Ana Beatriz, especialista em SEO. “É um ciclo vicioso: menos visibilidade gera menos downloads, que gera menos engajamento, que afunda ainda mais o ranking.”
A Temu, conhecida por preços agressivos e campanhas virais, apostou em um modelo híbrido em anúncios massivos + engajamento orgânico. A estratégia funcionou até que o botão foi desligado.
“Isso expõe uma dependência perigosa”, analisa o consultor Ricardo Moraes. “Marcas ocidentais como a Amazon têm uma base orgânica consolidada. Já as chinesas, muitas vezes, confiam no boost pago para compensar a falta de reconhecimento de marca.”
O gráfico não mostra o impacto nas vendas, mas a correlação é clara sem anúncios, o tráfego caiu 52% em duas semanas, segundo a SimilarWeb. E há um detalhe cruel os apps de comércio eletrônico dependem de impulsos publicitários para reter usuários e a empresa tinha um custo de aquisição (CAC) 30% menor que concorrentes, mas a retenção já era um ponto fraco.
A lição é dura, mas valiosa no mundo digital, até gigantes podem virar sombras rapidamente. Enquanto a Temu reavalia sua estratégia, o caso vira um case study sobre o equilíbrio frágil entre o pago e o orgânico e um alerta para quem acha que algoritmos são apenas ferramentas, e não donos do jogo.
“O deserto digital é silencioso. Um dia você está lá; no outro, é como se nunca tivesse existido.” Comentário de um usuário no Reddit.