Em um mundo onde o luxo muitas vezes se esconde atrás de discrição, a Hermès decidiu fazer seu novo relógio Arceau Wow piscar para o público como um cavalo malcriado. Basta pressionar um botão, e o elegante equino gravado no mostrador mostra a língua, como se zombasse não apenas das convenções, mas também da realidade econômica de 99,9% da população.
O preço? 168.000 euros o equivalente a um apartamento em uma capital europeia, ou a 11.200 jantares em um restaurante estrelado. Mas, para o cliente da Hermès, esse valor não é um gasto, e sim um sinal de identificação.
Um brinquedo para os ultra ricos que não sabem onde gastar dinheiro
O Arceau Wow não é apenas um relógio; é um artefato cultural. Ele não marca apenas as horas, mas ilustra o abismo entre quem o compra e quem sequer imagina sua existência. Em uma era onde a desigualdade global é discutida fervorosamente, peças como essa funcionam como micro documentários sobre como o 0,001% mais rico do planeta vive e se diverte.
Você também pode gostar
Dados do Global Wealth Report 2023 mostram que o 1% mais rico detém 45% da riqueza mundial. Esse relógio, portanto, não é um acessório, mas um símbolo de acesso a um clube quase mítico.
Por que o cavalo mostra a língua? Ironia ou provocação?
A Hermès nasceu em 1837 como uma fabricante de selas para a aristocracia europeia. O cavalo, portanto, é sua assinatura histórica. Mas, em vez de ser apenas um emblema de tradição, a marca o transformou em um meme de luxo um toque de humor que só faz sentido para quem pode rir de um gasto equivalente ao salário anual de um médico em alguns países.
Especialistas em comportamento do consumidor de alto luxo apontam que peças assim não são vendidas por sua funcionalidade, mas por seu valor narrativo. “É sobre pertencer a um grupo que entende a piada”. “E, claro, sobre mostrar que você pode pagar por ela.”
Quem compra isso? E por quê?
O perfil do comprador do Arceau Wow é claro alguém que já tem Patek Philippes, Rolexes e Audemars Piguets, mas busca algo que combine exclusividade e personalidade. Alguém que, ao ser perguntado sobre o preço, pode responder com um “Nem lembrei de ver”.
Em tempos de inflação e crise climática, peças como essa geram debates acalorados. Para alguns, é um excesso indefensável. Para outros, apenas mais um capítulo na história do luxo onde o inusitado sempre encontra seu comprador.
Enquanto isso, o cavalo continua com a língua para fora. Quem sabe, rindo de todos nós.
