Era para ser um desastre. Um “fracasso crítico”, um “pesadelo pixelado”, o “pior filme de 2025”, segundo resenhas mordazes.
Mas algo inesperado aconteceu quando as luzes do cinema se apagaram e as primeiras notas do icônico tema de Minecraft ecoaram e as crianças começaram a gritar como se estivessem diante do próprio Herobrine. Corredores viraram pistas de dança improvisadas. E, em 72 horas, o Minecraft Movie arrecadou US$ 135 milhões, esmagando recordes de adaptações de games e deixando até os executivos de Hollywood perplexos.
Como um filme com apenas 49% de “frescor” no Rotten Tomatoes classificado abaixo de adaptações como Super Mario Bros. (2023) conseguiu não apenas sobreviver, mas dominar as bilheterias?
A resposta pode estar nos corredores do McDonald’s.
O fenômeno McLanche Feliz e a magia de Jack Black
Fãs não estão apenas lotando cinemas; estão invadindo lanchonetes. O McLanche Feliz temático, acompanhado de mini blocos de Minecraft e a voz de Jack Black como Steve, virou febre. Adolescentes repetem frases do filme nos caixas (“Creeper? Aww man!“), enquanto pais relatam que as crianças “exigem” revisitar o filme e o combo do fast-food repetidas vezes.

“É mais que um filme. É um evento geracional”. Assistir ao filme Minecraft tornou-se um ritual coletivo, como os jogos multiplayer que inspiraram a franquia.
Números que desafiam a lógica
- US$ 58 milhões apenas na sexta-feira, o melhor desempenho para uma adaptação de videogame na história, à frente de Detective Pikachu e Uncharted.
- Segunda maior estreia de abril, perdendo apenas para Vingadores e Velozes e Furiosos 7.
- Se a tendência continuar, o filme pode superar US$ 800 milhões globalmente, desbancando Super Mario como a adaptação de game mais lucrativa.
Por que os críticos erraram feio?
Enquanto resenhas destacavam “roteiro fraco” e “humor infantil”, o público especialmente famílias e gamers ignorou as críticas. “Eles não entenderam que Minecraft nunca foi sobre narrativa complexa”, diz Markus “Notch” Persson, criador do jogo. “É sobre criatividade, comunidade e caos e o filme capturou isso perfeitamente.”
Eis o paradoxo o que os críticos viram como “falhas” (diálogos simples, piadas de dança no estilo Fortnite) eram, na verdade, o segredo do sucesso. Uma cena em que o personagem de Jason Momoa constrói uma cabana em 8 bits rendeu aplausos nas sessões e virou meme no TikTok, com 2,3 milhões de vídeos sob a hashtag #MinecraftMovie.
- A Morte do “cinema tradicional”? Não. Mas prova que experiências imersivas e interativas onde o público participa são o novo ouro.
- Críticos vs. Algoritmos: Plataformas como o YouTube já mostravam que avaliações de fãs (90% no Google Reviews) divergem de críticos. Agora, a indústria precisa repensar métricas.
- O poder das crianças: Elas decidem orçamentos familiares. E, pelo visto, preferem diversão despretensiosa a dramas aclamados.
Enquanto analistas debatem se é “arte” ou “produto”, as salas de cinema seguem cheias. E, no McDonald’s, caixas ainda ouvem ecoar: “Você virou um gamer, garoto!” linha de Jack Black que, ironicamente, pode definir o futuro do cinema.
Este não é apenas um caso de sucesso inesperado. É um mapa do que funciona em 2025 e que histórias que abraçam sua essência, ignoram elitismos e transformam espectadores em participantes. E, claro, um pouco de queijo derretido do McLanche Feliz nunca fez mal a ninguém.