Em um cenário midiático cada vez mais fragmentado, onde plataformas globais disputam a atenção do público, a TV Pernambuco (TVPE) prepara-se para uma revolução silenciosa e paradoxalmente barulhenta.
No próximo mês de agosto, a emissora pública, gerida pela Empresa Pernambuco de Comunicação (EPC), lançará seu sinal digital em Caruaru e na Região Metropolitana do Recife, marcando não apenas uma atualização tecnológica, mas um reposicionamento audacioso: tornar-se um farol da produção audiovisual local em um estado que já respira cultura.
A mudança vai além dos canais 12.1 e 46.1. Com um investimento de R$ 3,3 milhões do governo estadual em equipamentos de transmissão e a ocupação de novos espaços físicos — como o antigo prédio da Rede Globo Nordeste, no Morro do Peludo, em Olinda —, a TVPE parece estar reescrevendo seu próprio roteiro. E o capítulo mais emblemático dessa transformação chama-se #ViradaDigitalTVPE: as primeiras 48 horas de transmissão digital serão dedicadas exclusivamente a conteúdos pernambucanos, curados a partir de uma convocatória aberta a realizadores independentes.
“É uma celebração do que já fazemos e um convite para o que ainda está por vir”, adianta [Nome do Porta-Voz], diretor de programação da EPC, em entrevista exclusiva. A iniciativa, inédita no Brasil, não se limita ao evento. As produções selecionadas integrarão o programa #TVPEnoAr, que mistura exibição de conteúdo com diálogos improvisados entre artistas e personalidades — um formato híbrido que reflete a busca por conexões autênticas em tempos de algoritmos.
O Audiovisual como política pública
Enquanto emissoras comerciais enfrentam quedas de audiência, a TVPE aposta na hiperlocalidade e na curadoria como antídotos à desinformação e à homogenização cultural. “Não se trata apenas de migrar para o digital, mas de redefinir o que é televisão pública”.
O modelo, é claro, enfrenta desafios: como equilibrar demandas comerciais e missão educativa? Como medir impacto em um mundo de métricas voláteis? A resposta da TVPE parece ser clara: transformando espectadores em participantes. Se a aposta der certo, Pernambuco pode não apenas ganhar uma emissora renovada, mas um laboratório de inovação para o audiovisual brasileiro.