Em um estúdio de produção cheio de luzes, câmeras e ideias fervilhando, um grupo de estudantes da Faculdade AESO ajusta os últimos detalhes de um interprograma de dois minutos.
O tema não poderia ser mais urgente o combate ao racismo e a exaltação da cultura negra, em uma narrativa que mistura poesia visual, depoimentos reais e uma trilha sonora de maracatu. Esse é apenas um dos trabalhos que integrarão a programação especial da TV Pernambuco durante a Semana da Consciência Negra — resultado do Desafio de Interprogramas, uma parceria que, desde 2015, transforma acadêmicos em criadores de conteúdo para a televisão pública.
A iniciativa, que começou como um exercício acadêmico, hoje é um case de como a educação pode se aliar à mídia para gerar impacto social. Nesta edição, os alunos foram desafiados a fugir dos formatos tradicionais de campanhas educativas, explorando linguagens que vão do documentário minimalista à animação em motion graphics. “Queremos que eles pensem além do óbvio.
Os números mostram o alcance da iniciativa: desde sua primeira edição, mais de 120 interprogramas foram produzidos e veiculados na TVPE, alcançando milhões de espectadores em Pernambuco. Dados da emissora revelam que peças com abordagens emocionais e narrativas não lineares têm maior retenção de audiência entre jovens de 18 a 34 anos — justamente o público-alvo da AESO.
Para os estudantes, a oportunidade vai além do currículo. Saber que seu trabalho será transmitido para todo o estado coloca um peso e uma responsabilidade diferentes. Você não está fazendo só para nota, está contribuindo para uma causa. A dinâmica também simula o mercado: os vídeos são avaliados por profissionais da TVPE e de agências de publicidade, que destacam originalidade e potencial de engajamento.
Em tempos de discussões sobre representatividade e diversidade na mídia, o projeto chama atenção por colocar futuros comunicadores em contato direto com pautas sociais — e com o poder transformador da teledifusão. Enquanto alguns grupos optaram por depoimentos de personalidades locais, outros conhecem na estética do afrofuturismo para mostrar a resistência negra. “É sobre empoderamento, mas também sobre inovação. A TV pública precisa ser um espelho da sociedade que queremos construir”, reflete [Nome da Professora].
Quando os interprogramas entrarem no ar, em novembro, a TVPE não estará apenas preenchendo intervalos. Estará amplificando vozes que, em breve, podem definir os rumos da comunicação no país. E, para os alunos da AESO, será a primeira de muitas telas a conquistar.