Na noite úmida e fria da Quinta-feira Santa, enquanto muitos russos se preparavam para as celebrações da Páscoa ortodoxa, um incidente bizarro chamou a atenção na pacata cidade. Um homem, tremendo de frio, decidiu resolver seu problema de uma maneira no mínimo inusitada invadindo a casa de uma desconhecida não para roubar, mas para tomar um banho quente.
A proprietária, que preferiu não se identificar, contou que ouviu um barulho vindo do banheiro por volta das 21h. Ao investigar, deparou-se com um estranho ensaboado, debaixo do chuveiro, como se fosse algo perfeitamente normal. “Ele olhou para mim e disse, simplesmente: ‘Estava com frio, só queria me aquecer’“, relatou, ainda perplexa.
O invasor que não era um ladrão
O caso, que poderia ser mais um registro de violação de domicílio, ganhou contornos quase literários. O homem, identificado posteriormente não portava armas, não ameaçou a moradora e pasmem pediu desculpas pelo transtorno. “Ele estava mesmo gelado, dava para ver nos lábios azulados”, justificou a dona da casa, que, em vez de chamar a polícia, ofereceu-lhe uma xícara de chá.
Especialistas em comportamento humano veem no episódio um reflexo das temperaturas extremas que assolam a região nesta época do ano. Dados do Serviço Meteorológico Russo mostram que, naquela noite, os termômetros marcaram -10°C, sensação térmica de -15°C. “O frio intenso pode levar a decisões irracionais”, explica uma psicóloga. “O banho quente era, para ele, uma questão de sobrevivência, não de invasão.”
Entre o absurdo e a comiseração
Nas redes sociais, o caso dividiu opiniões. Alguns usuários brincaram: “Só na Rússia mesmo!”. Outros, porém, viram tragédia social por trás do absurdo. “Quantos não estão nessa situação, sem aquecimento em casa?”, questionou um internauta.
A polícia local confirmou que o homem foi liberado após prestar esclarecimentos. Não houve acusações formais afinal, como definir o crime de quem só queria escapar do frio?
Enquanto isso, a dona da casa, que agora tem uma história para contar nas ceias de Páscoa, resume: “Foi a Quinta-feira Santa mais estranha da minha vida.”