Perm, Rússia — Em uma esquina discreta de um supermercado movimentado na cidade industrial de Perm, um terminal de pagamento parecia comum. Sua tela brilhante, seu teclado numérico e seu logotipo genérico de “serviços financeiros” não chamavam atenção. Mas, para um seleto grupo de clientes, aquele não era apenas um meio de pagar contas: era uma máquina caça-níqueis disfarçada, um cassino clandestino à vista de todos.
A engenhosa — e ilegal — criação foi obra de um empresário local que decidiu que a melhor maneira de esconder um negócio de apostas era não escondê-lo de fato, mas sim camuflá-lo no cotidiano. O esquema funcionou, até que um jovem da região, atraído pela promessa de ganhos fáceis, perdeu uma quantia considerável — dinheiro que havia obtido com a venda de seu carro. Seu pai, indignado, decidiu que aquela “inovação” havia ido longe demais. A denúncia à polícia desmontou a operação, revelando um fluxo de cerca de 800 mil rublos em apostas não registradas.
Agora, o empresário criativo enfrenta um futuro menos glamouroso: uma multa que pode chegar a 1 milhão de rublos ou até quatro anos de prisão.
O jogo duplo da tecnologia
A indústria de jogos de azar sempre foi um campo fértil para inovações tecnológicas, desde sistemas de segurança até plataformas online. Mas, como mostra o caso de Perm, nem toda criatividade é bem-vinda — ou legal.
“É impressionante como alguém consegue burlar a fiscalização de forma tão ousada”, comenta Dmitri Volkov, especialista em regulamentação de jogos de Moscou. “Mas também é um lembrete de que, onde há dinheiro fácil, sempre haverá quem tente reinventar a roda, mesmo que isso signifique transformar um caixa eletrônico em um cassino.”
Enquanto o empresário aguarda seu julgamento, o terminal foi desativado. No supermercado, os clientes passam por ele sem notar sua antiga função. A única diferença? Agora, ele realmente só paga contas.