Enquanto gigantes como Shopify e Duolingo abraçam a automação, dados revelam que mais da metade das demissões por IA não trouxeram os resultados esperados. O que deu errado?

A onda começou silenciosa: primeiro, escritores técnicos do Canva. Depois, programadores ameaçados pela Antrópico. Em seguida, o Duolingo demitindo tradutores, e o Shopify exigindo que funcionários usassem IA para tarefas cotidianas. O discurso era claro: máquinas mais baratas, rápidas e infalíveis substituiriam humanos.
Mas um dado surpreendente emergiu: 55% das empresas que demitiram para contratar algoritmos admitem que a mudança não valeu a pena. Relatórios internos e entrevistas com executivos revelam quedas na qualidade, perda de conhecimento institucional e, em alguns casos, custos maiores para corrigir erros da IA.
O lado oculto da revolução
Na Antrópico, onde a promessa era “IA escrevendo todo o código em 2024”, engenheiros relatam que “os sistemas geram bugs impossíveis de decifrar”. Já o Duolingo, após demitir tradutores, viu usuários reclamarem de frases sem nuance cultural. “A IA aprende com dados, mas não entende contexto“, explica uma ex-funcionária.
O Shopify, que forçou a adoção de ferramentas como o ChatGPT, agora enfrenta resistência: “Antes, tínhamos voz. Agora, tudo soa genérico”, diz um colaborador sob anonimato.
Por que o arrependimento?
Especialistas apontam três falhas:
- Subestimaram a complexidade humana: Criatividade, improviso e julgamento ético ainda são território humano.
- Custos ocultos: Treinar e integrar IA consome tempo e dinheiro, muitas vezes, mais que salários.
- Efeito rebote: Clientes percebem quando atendimento ou produtos perdem o “toque pessoal”.
“Automação funciona para tarefas repetitivas, mas não para pensar”, resume David Autor, economista do MIT. Enquanto isso, algumas empresas já recuam: o Canva, por exemplo, voltou a contratar redatores para revisar textos gerados por IA.
A pergunta que fica: Será que a corrida pela eficiência ignorou o valor do imperfeito e intrinsecamente humano?