Por trás do volante, agora no controle do jogo, o que a Audi aprendeu sobre conforto pode mudar a forma como você trabalha e joga. Em Ingolstadt, Alemanha, quando a Audi anunciou que seus bancos esportivos passariam a equipar não apenas carros de luxo, mas também setups de jogadores e profissionais de alto desempenho, a notícia causou surpresa.
Mas bastam alguns minutos sentado na nova cadeira gamer da marca alemã para entender, que não se trata apenas de design ou prestígio é ergonomia aplicada com precisão milimétrica.
A entrada da Audi nesse mercado, avaliado em mais de US$ 1 bilhão em 2024, não é um capricho de marketing. É uma leitura cirúrgica de um comportamento em ascensão: a busca por cadeiras de alta performance, tanto para gamers quanto para quem trabalha horas a fio diante de telas.
O modelo, lançado por US$ 500, é construído com os mesmos materiais usados nos carros topo de linha da montadora, incluindo couro de origem controlada, costura reforçada à mão e tecnologia de ajuste que molda o encosto à curvatura natural da coluna. Há ainda travesseiros que minimizam a pressão lombar e cervical, um alívio especialmente para quem enfrenta longas sessões, seja dirigindo ou jogando.
“É um banco esportivo projetado para não sair do lugar”, explicou Christian Bauer, engenheiro de design da Audi. “Só que, desta vez, ele não está em um carro. Está no seu escritório, ou no seu quarto gamer.”
A decisão estratégica da Audi coincide com uma tendência que ganhou força no pós-pandemia, o conforto doméstico se tornou prioridade, com consumidores dispostos a investir em itens que aliem estética, funcionalidade e saúde postural.
Segundo dados do instituto alemão Statista, o mercado global de cadeiras gamers cresceu 12,6% entre 2023 e 2024, puxado por um público que vai muito além dos streamers. Executivos, editores de vídeo, programadores e criadores de conteúdo também migraram para esse tipo de assento.
No Reddit e em fóruns especializados, o lançamento da Audi dividiu opiniões, alguns o veem como um luxo supérfluo, enquanto outros o comparam com cadeiras ergonômicas premium, como as da Herman Miller, que podem ultrapassar os US$ 1.000. “Pelo que entrega, o preço está abaixo do mercado”, opinou um usuário no r/pcmasterrace.
Outro dado relevante: 78% dos compradores de cadeiras gamer com valor acima de US$ 400 são maiores de 30 anos, com perfil de alto poder aquisitivo e exigência em ergonomia – exatamente o público da Audi.
Embora a montadora não tenha divulgado metas de vendas, fontes próximas ao projeto indicam que a primeira leva do produto, vendida apenas na Europa, esgotou em três dias.
E enquanto alguns questionam se a marca dos quatro anéis deveria estar no mundo gamer, para muitos, a resposta já chegou.
O luxo agora se senta à sua mesa.