Estudo revela que jornadas acima de 52 horas semanais afetam regiões cerebrais ligadas à memória, atenção e emoções, gerando fadiga crônica e esgotamento.
Pesquisadores identificaram que o excesso de trabalho provoca alterações físicas no cérebro humano. Em pessoas que trabalham 52 horas por semana ou mais, áreas relacionadas à memória, atenção, emoções e autoconsciência apresentam aumento de volume, indicando sobrecarga neurológica. A reversão do quadro é possível, mas requer ausência total de estresse uma condição rara na realidade cotidiana.

A descoberta foi feita por neurocientistas que analisaram imagens cerebrais de profissionais submetidos a longas jornadas semanais. As alterações observadas ocorrem principalmente em estruturas como o córtex pré-frontal, o hipocampo e a amígdala, responsáveis por funções cognitivas e emocionais cruciais para o desempenho no trabalho e bem-estar geral
Segundo os especialistas, o aumento de volume nessas regiões não representa ganho funcional, mas sim um sinal de esforço excessivo e potencial inflamação neural. A condição leva à chamada fadiga crônica, caracterizada por exaustão persistente, lapsos de memória, dificuldade de concentração e distúrbios emocionais como irritabilidade e ansiedade.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 488 milhões de pessoas no mundo enfrentam jornadas prolongadas. No Brasil, uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que 30% dos trabalhadores atuam mais de 48 horas por semana, aumentando significativamente o risco de impactos neurológicos a longo prazo.
Os pesquisadores destacam que o cérebro humano é adaptável, mas a recuperação completa das estruturas afetadas depende de uma redução drástica e sustentada no nível de estresse. Esse processo, no entanto, exige condições de descanso e segurança emocional que poucos trabalhadores conseguem manter em ambientes profissionais competitivos e exigentes.
“Estamos falando de uma lesão invisível, mas profunda. A exposição prolongada ao excesso de trabalho não apenas prejudica a saúde mental, ela transforma fisicamente o cérebro”, afirma um dos autores do estudo, que ainda não teve o nome divulgado oficialmente.
O retrabalho não é apenas uma questão de produtividade, mas um risco concreto à integridade cerebral. Com os dados científicos em mãos, especialistas alertam para a necessidade urgente de políticas públicas e práticas corporativas que limitem as jornadas excessivas. A prevenção, segundo os cientistas, é o único caminho viável diante dos efeitos quase irreversíveis da sobrecarga mental prolongada.