Em um mundo onde as marcas lutam para capturar a atenção do público em meio a um dilúvio de anúncios, a Samsung decidiu não apenas enfrentar um de seus desafios técnicos de frente, mas transformá-lo em uma peça de storytelling tão afiada quanto as imagens de suas telas OLED.
O “problema” em questão? O reflexo. Em algumas TVs, a superfície do painel pode, em certas condições, espelhar objetos do ambiente um fenômeno que, em tese, poderia ser visto como uma falha. Mas em vez de ignorá-lo ou corrigi-lo discretamente, a Samsung o abraçou com uma campanha que beira o gênero de terror.
O anúncio, que circulou nas redes sociais antes de chegar à TV aberta, começa como um suspense clássico: uma família assiste a um filme à noite quando, de repente, a tela reflete um vulto assustador atrás do sofá. O susto é real, mas a reviravolta também. A mensagem final revela que, com as TVs da Samsung, isso não acontece.
A jogada é um exemplo raro de cross-branding intelectual: a Samsung não apenas promove sua tecnologia, mas também se apropria de uma experiência universal — o medo do inesperado — para criar uma conexão emocional. E funciona. Segundo um estudo da Neuro-Insight, anúncios que provocam reações intensas, como sustos ou risadas, têm 70% mais chances de serem lembrados do que os neutros.
Além disso, a campanha dialoga indiretamente com o sucesso de séries de terror como The Haunting of Hill House (Netflix) e filmes como Corra! (Universal), mostrando que a marca entende o zeitgeist pop. Não é só uma TV — é um artefato cultural.
O risco que vale a pena
Claro, brincar com o medo em publicidade não é para qualquer um. Em 2019, a Burger King enfrentou críticas por um anúncio no estilo found footage que simulava um ataque hacker. Mas a Samsung parece ter acertado na dosagem.
“Eles usaram um ‘defeito’ como gancho narrativo, mas sem menosprezar a inteligência do consumidor com uma boa estrategista de branding. “É quase uma provocação: ‘Outras TVs podem assustar você. A nossa, não.'”
E enquanto outras empresas investem em demonstrações técnicas sem alma, a Samsung apostou em uma ideia simples, mas poderosa: até nos sustos, a qualidade se revela.
Será que outras marcas vão seguir o exemplo? Por enquanto, uma coisa é certa na guerra pela atenção, às vezes, um grito vale mais que mil palavras.
