Quando os tanques cruzaram a fronteira em 2022, outra movimentação silenciosa começou a diáspora digital. Profissionais de tecnologia ucranianos, muitos deles com laptops como únicas bagagens, dispersaram-se pela Europa e além, reescrevendo não apenas suas histórias, mas também o mapa de talentos do continente.
Dois anos depois, os números revelam um êxodo qualificado. Quase 92% dos especialistas em TI que deixaram a Ucrânia estão em solo europeu e a Polônia absorveu sozinha 39% deles, transformando Varsóvia e Cracóvia em mini-Kievs tecnológicas.
Mas foi na Espanha e na Croácia, surpreendentemente, que os salários médios dispararam para US5.250, US5.250 e US 5.225, respectivamente, superando até a Alemanha (US$ 4.500), tradicional ímã de cérebros.
Os dados do Scroll Media mostram um cenário contraditório:
- +34% no salário para quem tem 3–5 anos de experiência fora.
- Apenas 36% regularizaram sua residência legal no novo país.
“É uma geração em modo híbrido“. Eles ganham em euros, trabalham para clientes globais, mas mantêm contas bancárias e famílias na Ucrânia. São nômades por necessidade, não por escolha.
Já os 3% que cruzaram o Atlântico para EUA e Canadá enfrentam outro cálculo. Lá, um sênior ganha US$ 10 mil, mas o visto é uma loteria”, diz Dmytro Zavhorodnii, desenvolvedor radicado em Toronto.
Com a guerra ainda presente, 61% dos entrevistados em um estudo paralelo da TechUkraine admitem que só considerarão o retorno quando a segurança for garantida mesmo que isso signifique ganhar menos. Enquanto isso, a Ucrânia perde US$ 1,2 bilhão/ano em arrecadação com a diáspora tech, estima o Banco Mundial.