Ross Ulbricht, o nome por trás de um dos capítulos mais fascinantes e controversos da era digital, está livre após uma década atrás das grades. Condenado a duas prisões perpétuas, sua soltura só se tornou realidade graças a um perdão presidencial improvável, mas que reacendeu debates sobre liberdade, tecnologia e justiça. Para quem não acompanhou a ascensão e queda da Silk Road, a história de Ulbricht é bem estranha no mundo da dark web, criptomoedas e os limites da liberdade individual.
- Ross Ulbricht foi condenado a duas prisões perpétuas por criar a Silk Road, um mercado na dark web.
- A Silk Road movimentou mais de US$ 200 milhões em transações anônimas usando Bitcoin.
- Ulbricht foi preso em 2013 e libertado em 2025 após um perdão presidencial.
Nascido em 1984, Ross William Ulbricht era um jovem empreendedor com formação em física e ciências da computação. Em 2011, sob o pseudônimo “Dread Pirate Roberts” — uma referência ao personagem de “A Princesa Prometida” —, ele criou a Silk Road, um mercado online que operava na dark web. A plataforma, acessível apenas através da rede Tor, permitia transações anônimas usando Bitcoin, uma criptomoeda então em seus primórdios.
A Silk Road rapidamente se tornou um fenômeno. Funcionando como uma espécie de “eBay do submundo”, o site oferecia de tudo: desde drogas ilícitas e documentos falsificados até livros raros e obras de arte. A proposta de Ulbricht era clara: criar um espaço onde as pessoas pudessem interagir sem interferência governamental, um verdadeiro experimento de anarquia digital. Em pouco tempo, o mercado movimentou mais de US$ 200 milhões em vendas e facilitou mais de 1,5 milhão de transações.
No entanto, o sucesso da Silk Road chamou a atenção das autoridades. Em 2013, o FBI rastreou Ulbricht até a biblioteca pública de San Francisco, onde ele foi preso com seu laptop aberto na página de administração do site. O julgamento, em 2015, foi marcado por controvérsias. Ulbricht foi condenado a duas prisões perpétuas sem possibilidade de liberdade condicional, uma sentença considerada por muitos como excessivamente severa.
A condenação transformou Ross em um ícone. Para seus defensores, ele é um mártir da liberdade individual e da privacidade digital. Para outros, um criminoso que facilitou atividades ilegais em escala global. Apesar das opiniões divergentes, sua história inspirou debates sobre a regulamentação da internet, o papel das criptomoedas e os limites da intervenção estatal.
Agora, em 2025, Ross Ulbricht está livre. Sua soltura foi celebrada com uma doação simbólica de 111.111 bitcoins pela exchange Kraken, um gesto que reforça sua ligação com o universo cripto. Em um vídeo emocionante publicado no X (antigo Twitter), ele agradeceu aos apoiadores e refletiu sobre sua jornada.
— Ross Ulbricht (@RealRossU) January 24, 2025
Para quem deseja entender melhor essa história, o filme “Silk Road: Mercado Clandestino”, disponível no app Max, oferece uma visão dramatizada dos eventos. Além disso, a trajetória de Ulbricht continua a inspirar discussões sobre inovação, ética e o futuro da tecnologia.