Serviço de telemedicina oferece serviço gratuito aos afetados pelas enchentes.
Passados quase oito meses da maior tragédia climática do Rio Grande do Sul, parece que o assunto caiu no esquecimento, mas não para os que ainda sofrem com as incontáveis consequências das chuvas. Além dos quase 190 mortos e das perdas materiais, a saúde da população ainda requer atenção.
Entre maio e agosto de 2024, por exemplo, os casos confirmados de leptospirose tiveram um aumento de 761,1% em relação a 2023, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde do estado. Sem falar nos inúmeros casos de doenças infecciosas, doenças de pele, problemas respiratórios, e principalmente dos traumas emocionais como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão e ansiedade. Mais de 1200 pessoas ainda se encontram em abrigos.
Para auxiliar a população mais carente nos cuidados com a saúde física e mental, uma parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul e serviços de telemedicina oferece atendimento médico gratuito para os afetados pelas enchentes.
Marcelo Amante, CEO do PicDoc, lembra que a telemedicina deve preencher lacunas na assistência à saúde, principalmente em tragédias como a deste ano.
“Combinamos a medicina à tecnologia, e podemos oferecer a telemedicina a favor da população gaúcha depois da tragédia. Dentro do nosso conceito de democratizar o acesso à saúde, colocamos à disposição dos gaúchos nossos médicos cadastrados para atendimentos de forma voluntária e gratuita. Para muitos, a vida já voltou ao normal, na medida do possível, mas para outras famílias as dificuldades permanecem, principalmente em questões relacionadas à saúde”, comentou Marcelo.
Centenas de gaúchos já foram atendidos pelo serviço da plataforma; a parceria com a Secretaria de Saúde do RS se iniciou em maio de 2024.
Como funcionam as consultas
As consultas gratuitas realizadas online são exclusivas para vítimas das enchentes que necessitam de atendimento não emergencial.
Para realizar a consulta, o paciente deve acessar o site https://picdoc.com.br/, criar uma conta e acessar a área do paciente para fazer uma oferta. Em seguida, ele deve escolher a especialidade AJUDA RS e colocar R$1 no campo valor. Depois, aplicar o cupom disponível no site da plataforma – clique aqui para saber mais. https://picdoc.com.br/ajuda-rs.
Para Marcelo Godoi Cavalheiro, médico ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Sírio-Libanês e um dos sócios-fundadores da PicDoc, é fundamental oferecer informação segura e de qualidade a pessoas com problemas de saúde decorrentes das enchentes e que passaram pelo trauma do episódio climático.
“O que temos de mais valioso é a informação confiável, por meio de médicos especialistas validados pelo nosso time. E a consulta online possibilita isso: às vezes, mesmo que não seja algo tão grave, só o fato de ele falar com um médico e receber as orientações corretas, já o deixa mais tranquilo”, acrescentou o CEO.
Educação em saúde e prevenção
Além da consulta para a necessidade pontual do paciente, o teleatendimento também auxilia na educação em saúde e prevenção, promovendo um impacto positivo e humanizado.
“O especialista pode fornecer informações sobre medidas de higiene, prevenção de doenças e demais cuidados, ajudando a minimizar os impactos na saúde dos pacientes que ainda convivem com problemas decorrentes da tragédia”, completou Dr. Marcelo.
A empresa iniciou as operações em 2022 e, desde então, mais de 30 mil pacientes já foram atendidos pela plataforma em todo o Brasil. São mais de 4 mil médicos parceiros, mais de 60 especialidades atendidas, além de outros profissionais da área da saúde como enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, educadores físicos e psicólogos.
Enchentes no RS
O governo gaúcho classificou as enchentes deste ano como “a maior catástrofe climática” da história do estado. Segundo informações do departamento de Comunicação do Governo do Rio Grande do Sul, foram 478 municípios atingidos, 183 óbitos, 27 desaparecidos e mais de 69 mil pessoas desalojadas.
A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) monitora as informações sobre alojamentos provisórios e desabrigados no estado com uma plataforma pública atualizada semanalmente todas as quartas-feiras – clique aqui. De acordo com os dados, ainda há 1233 pessoas desabrigadas, divididas em 27 abrigos pelo estado.
Dados atualizados em 20/12/2024.