Em um campo de futebol improvisado em uma rua de Buenos Aires, um garoto chuta uma lata vazia, imaginando ser Lionel Messi driblando defensores em uma final de Copa do Mundo. Essa cena, tão universal quanto o esporte em si, é o cerne da nova campanha da Adidas para o icônico tênis Samba. Com Messi como protagonista, a marca não vende apenas um calçado vende a possibilidade de pisar, ainda que simbolicamente, nos passos de um dos maiores atletas da história.
A mensagem é simples, quase infantil em sua sinceridade: “Você quer ser como Messi? Comece calçando o que ele calça.” É uma promessa antiga do marketing esportivo, mas que a Adidas ressignifica com uma narrativa que mistura nostalgia, identidade e um toque de realismo mágico. Afinal, quantas vezes um torcedor já não fantasiou sobre sentir, ainda que por um instante, o que é ter os pés abençoados do argentino?

O poder do afeto
A escolha de Messi não é casual. Ele transcende o futebol é um símbolo global de excelência, humildade e persistência. Ao associar o Samba a sua imagem, a Adidas não apenas reforça o valor do produto, mas cria uma ponte emocional com o consumidor. “Há uma transferência de significado”, explica uma especialista em branding esportivo. “O tênis deixa de ser apenas um objeto e vira um artefato cultural, um pedaço da jornada do ídolo.”
Dados da consultoria SportsMark mostram que campanhas com astros do esporte geram, em média, 30% mais engajamento do que aquelas com modelos anônimos. No caso de Messi, o efeito é ainda maior a sua taxa de reconhecimento global ultrapassa 92%, segundo a YouGov.

Do campo às ruas com a reinvenção do Samba
Originalmente criado para jogadores de futebol indoor nos anos 50, o Samba vive um renascimento como ícone da moda streetwear. A Adidas soube capitalizar essa dualidade. “O tênis é um camaleão”, diz o estilista Ricardo Campos. “Funciona tanto no pé de um artilheiro quanto no de um criador de tendências em Berlim ou Tóquio.”

A campanha atual reforça essa versatilidade. Nas imagens, Messi aparece não apenas em estádios, mas em cenários urbanos, borrando as fronteiras entre esporte e lifestyle. É uma jogada inteligente, pois o público-alvo não são apenas os fãs de futebol, mas os sneakerheads e os consumidores que buscam autenticidade.
O risco do sonho vendido
Há, é claro, uma ironia sutil na promessa. Ninguém vira Messi por calçar um Samba — assim como ninguém vira Mozart por comprar um piano. Mas a magia do marketing está justamente em fazer o consumidor acreditar, ainda que por um segundo, no contrário. E, no fim das contas, talvez isso seja suficiente.
Como escreveu o poeta Eduardo Galeano: “O futebol é o reino da felicidade possível.”