No silêncio do banheiro, o brilho da tela do smartphone ilumina o rosto de cada usuário, desde os jovens, adultos e idosos como muitos, transformou a ida ao toalete em um ritual prolongado.
Entre mensagens no WhatsApp, vídeos no TikTok e e-mails acumulados, acaba perdendo a noção do tempo, alheio ao fato de que esses minutos extras podem estar custando mais do que apenas sua atenção. O hábito, aparentemente inofensivo, de permanecer sentado no vaso sanitário por longos períodos enquanto usa o celular está associado a sérios riscos à saúde.
A relação entre humanos e banheiros sempre teve um toque de intimidade cultural. Nos tempos dos romanos, banhos públicos abrigavam bibliotecas de pergaminhos, na América colonial, jornais serviam tanto para leitura quanto para higiene. Hoje, o celular é o companheiro fiel e uma pesquisa recente revelou que 75% das pessoas levam o smartphone ao banheiro, com 96% da Geração Z e 90% dos millennials admitindo não entrar no toalete sem o dispositivo.
Mas o que parece um momento de descontração pode se transformar em uma armadilha para o corpo.
O ato de ficar sentado por muito tempo no vaso sanitário, especialmente enquanto distraído por notificações ou redes sociais, aumenta a pressão sobre os vasos sanguíneos da região anal. “Quando você se senta no vaso, o ânus fica em uma posição que gera maior pressão nas veias do reto, o que pode levar alguns problemas em termos de saúde e bem-estar. Essa pressão, combinada com a falta de suporte muscular que uma cadeira comum oferece, faz com que o tecido retal relaxe e ceda, criando condições para complicações.
Os problemas não se limitam ao desconforto passageiro. A Sociedade Brasileira de Coloproctologia alerta que cerca de 50% das pessoas acima de 50 anos sofrem de doença hemorroidária, mas o uso prolongado do vaso sanitário, especialmente com dispositivos móveis, está levando esses problemas a faixas etárias mais jovens. A tabela abaixo resume os principais riscos associados:
Condição | Descrição | Fatores Agravantes |
---|---|---|
Hemorroidas | Dilatação dos vasos sanguíneos no ânus, causando dor, coceira e sangramento. | Tempo prolongado sentado, esforço excessivo, constipação, gravidez. |
Prolapso retal | Deslocamento do reto para fora do ânus, devido ao enfraquecimento muscular. | Pressão abdominal, sentar prolongado, esforço repetitivo. |
Fissuras anais | Pequenos rasgos no revestimento do canal anal, com dor e sangramento. | Fezes duras, esforço excessivo, tempo prolongado no vaso. |
Sinais de câncer | Constipação persistente ou dificuldade para evacuar podem indicar tumores. | Tumores colorretais, obstrução intestinal, falta de rastreamento precoce. |
Segundo a Sociedade Americana de Câncer, a incidência de câncer colorretal em pessoas com menos de 55 anos aumentou de 1% a 2,4% ao ano desde os anos 1980, com o tempo prolongado no banheiro sendo um fator de risco indireto, especialmente quando associado a sintomas como constipação crônica.
O smartphone não é apenas uma ferramenta de distração, ele reprograma o comportamento do corpo. “Você está treinando seu corpo para associar o banheiro ao celular, não à evacuação”. Essa associação pode inibir o reflexo natural de evacuar, levando a fezes mais secas e difíceis de expelir, o que aumenta o esforço e o risco de complicações como fissuras anais ou trombose hemorroidária.
Além disso, a postura sentada no vaso sanitário, com as pernas a 90 graus, não é ideal. Estudos sugerem que a posição de agachamento, que endireita o cólon, facilita a evacuação em apenas 12 segundos, em média, reduzindo a pressão sobre o assoalho pélvico. Bancos de apoio, como o “Squatty Potty”, têm ganhado popularidade por promoverem essa postura mais natural.
Como mudar o hábito?
A mensagem é clara: o banheiro não é lugar para maratonas de redes sociais.
- Limite o tempo: Especialistas recomendam de 2 a 5 minutos no vaso sanitário. Se não houver evacuação, levante-se e tente novamente mais tarde.
- Adote a postura correta: Use um banquinho para elevar os pés, simulando a posição de agachamento.
- Aumente a fibra: Consuma alimentos ricos em fibras, como maçãs com casca, aveia e brócolis, e beba pelo menos 2 litros de água por dia.
- Evite o celular: Deixe o smartphone fora do banheiro para evitar distrações e manter o foco na evacuação.
- Consulte um especialista: Se houver dor, sangramento ou dificuldade persistente, procure um coloproctologista. Sintomas prolongados podem indicar condições como síndrome do intestino irritável ou câncer colorretal.
Fontes: