Pets em um armário - Imagem divulgação
Em um ato que expõe os limites da paciência humana em tempos de crise, uma mulher em Chernihiv trancou o próprio filho em um depósito para poder “fazer compras normalmente”.
Enquanto isso, em Khmelnytskyi, um cliente de um mercado ATB deixou um cachorro confinado em um armário, como se fosse um casaco esquecido. A postura resignada do animal sugere que aquela não era sua primeira vez naquela situação.
Os dois episódios, embora distintos, refletem um padrão perturbador a priorização do consumo sobre o cuidado. Em um país ainda marcado pela guerra e pela escassez, a pressão do cotidiano parece estar corroendo até mesmo os instintos mais básicos de proteção.
O custo invisível da rotina
Especialistas em comportamento humano afirmam que situações extremas como conflitos armados ou colapsos econômicos podem levar a decisões irracionais. “Quando as pessoas estão sob estresse crônico, o cérebro busca atalhos. O que parece absurdo para um observador externo pode ser, naquele momento, a única saída que a pessoa enxerga”, explica uma psicóloga social de Kiev.
Dados do Instituto Ucraniano de Saúde Mental mostram um aumento de 34% em relatos de “ações impulsivas prejudiciais” desde o início da guerra. Não há números específicos sobre abandono temporário de crianças ou animais, mas casos como os de Chernihiv e Khmelnytskyi sugerem que o problema pode ser mais comum do que se imagina.
Entre a negligência e o desespero
No mercado ATB, onde o cachorro foi encontrado, um funcionário que preferiu não se identificar contou que já viu “de tudo”. “Desde crianças largadas no corredor de doces até idosos esquecidos no estacionamento. As pessoas estão distraídas, sobrecarregadas. Algumas realmente esquecem. Outras só não querem mesmo ser incomodadas.”
Já a mãe de Chernihiv, segundo vizinhos, alegou que o filho “não parava de chorar” e que ela precisava comprar alimentos antes que o mercado fechasse. A justificativa, embora compreensível em um contexto de desespero, levanta questões éticas até que ponto a necessidade justifica o abandono?
O que diz a lei?
Na Ucrânia, abandonar uma criança ou um animal em condições perigosas é crime. No entanto, a aplicação da lei varia conforme a região e a disponibilidade de recursos. “Muitas vezes, esses casos são tratados como ‘problemas familiares’ ou ‘desentendimentos’, sem punição efetiva”, afirma um advogado de direitos humanos.
Enquanto isso, redes sociais ucranianas borbulham com debates. Alguns defendem as mães e donos de pets, culpando a guerra e a economia. Outros exigem responsabilização. “Se você não consegue cuidar, não tenha”, escreveu um usuário. “E se fosse seu filho trancado no escuro?”, rebateu outro.
Um retrato de uma sociedade no limite
Os dois episódios são sintomas de um mal maior a exaustão coletiva. Seja por cansaço, seja por egoísmo, o fato é que a linha entre o aceitável e o inaceitável parece estar se apagando. E, em um país que já perdeu tanto, será que ainda há espaço para julgar?
Ou, talvez, a pergunta certa seja quem está cuidando de quem precisa de cuidado?
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