A Apple nunca foi modesta ao anunciar as capacidades dos seus produtos, mas o último marketing do novo MacBook atingiu um novo patamar de ironia. “Se ficar sem energia, só saberá disso no dia seguinte”.

Diz o anúncio, prometendo até 24 horas de autonomia. A afirmação, tão confiante quanto provocadora, levanta uma questão inevitável: O que acontece quando um usuário de verdade, aquele que tem 100 abas abertas, um vídeo do YouTube rolando e meia dúzia de planilhas. Coloca essa bateria à prova?
A promessa vs. a realidade
A Apple baseia seus testes em condições controladas: brilho moderado, apps nativos e nenhuma das distrações digitais que consomem a vida moderna, mas o usuário médio não vive em laboratório. Um estudo da StatCounter revela que 62% dos usuários mantêm pelo menos 50 abas abertas simultaneamente, enquanto o consumo de vídeos em streaming cresceu 35% só em 2023.
Será que o MacBook aguenta? Testes independentes da Consumer Reports sugerem que, sob carga pesada (editores de vídeo, jogos leves e navegadores lotados), a duração cai para cerca de 10-12 horas, ainda impressionante, mas longe do utópico “dia inteiro”.
O jogo das expectativas
A Apple não mente, mas joga com a psicologia do consumidor. Ao destacar o cenário ideal, cria um benchmark inatingível no uso cotidiano estratégia que, segundo analistas, aumenta a percepção de valor. “O público lembra do até 24 horas e ignora o em condições específicas” explica Marina Torres, especialista em marketing digital.
E funciona, pesquisas da YouGov mostram que 78% dos compradores de laptops priorizam a autonomia da bateria, mesmo que nunca a experimentem por completo.
Para quem busca produtividade sem recargas frequentes, o novo MacBook é um avanço real. Mas se o seu dia envolve multitarefa extrema, talvez valha a pena esperar pelos testes do mundo real, ou carregar o adaptador, só por garantia.
Afinal, como dizem os redes sociais: “Prometer é fácil, difícil é rodar Chrome com 100 abas e não derreter”.