Uma guerra comercial, salários altos e cadeias globais, os dilemas por trás do preço do smartphone mais valioso do mundo.
A Apple sempre navegou em águas globais. Seus iPhones são desenhados na Califórnia, mas montados na China, com peças que cruzam o Sudeste Asiático antes de chegarem às mãos dos consumidores. Agora, uma possível tarifa de 25% sobre produtos eletrônicos, proposta por Donald Trump, reacende um debate antigo. Por que a Apple não fabrica nos EUA?
A resposta, segundo especialistas, não é simples mas os números não mentem.

O custo de um iPhone “Made in USA”
Se a Apple transferisse a produção para os EUA, cada iPhone custaria US$ 100 a US$ 200 a mais, estimam analistas. Isso acontece por três razões:
- Mão de obra: Um trabalhador americano ganha 5 a 6 vezes mais que um chinês na Foxconn.
- Logística: A maioria dos fornecedores de chips, câmeras e telas está na Ásia. Transportar peças em massa para os EUA seria um pesadelo financeiro.
- Escala: A Foxconn emprega 1 milhão de pessoas só na China e pode mobilizar exércitos de operários em dias. Nos EUA, leis trabalhistas e falta de especialização tornariam isso inviável.
A tarifa de Trump pode forçar a empresa a tomar uma decisão difícil: aumentar preços ou reduzir margens. Nenhuma das opções é boa.
- Preços altos afastariam consumidores em um mercado já saturado.
- Lucros menores abalariam o valor da Apple na bolsa, a empresa representa 7% do S&P 500.
- Fuga de produção: A Apple já estuda mudar parte da fabricação para Índia e Vietnã, reduzindo dependência da China… e dos EUA.
Jogada política ou realidade econômica?
Trump já declarou que quer “trabalhos americanos para trabalhadores americanos”. Mas especialistas duvidam que isso seja viável.
“Forçar a Apple a produzir nos EUA só tornaria o iPhone mais caro e menos competitivo“, diz um analista da Pro Business. “No fim, quem paga é o consumidor.“
Enquanto isso, a Apple segue seu jogo global e o preço do iPhone, seja por tarifas ou custos, deve continuar subindo.