Enquanto apps transformam exercício em capital social, um desenvolvedor cria ferramenta para burlar o sistema e questionar a cultura da ostentação digital.
Era só uma questão de tempo.
Em uma era em que cada quilômetro percorrido vira moeda de validação nas redes sociais, um desenvolvedor anônimo decidiu cutucar a hipocrisia do fitness digital. Seu site, o FakeMy.Run, é um atalho irônico para quem quer fabricar corridas fictícias sem suar a camiseta.
A ferramenta, simples e provocativa, permite:
- Escolher coordenadas aleatórias no mapa;
- Desenhar rotas personalizadas;
- Ajustar ritmo e descrição;
- Exportar um arquivo .gpx pronto para upload em plataformas como Strava ou Garmin.
A ideia surgiu após relatos de corredores que contratam “ghost runners” por US$ 20 para inflar estatísticas. “Isso virou um jogo de aparências, não de saúde”, diz o criador, em entrevista por e-mail.
Os dados por trás da farsa
Um estudo da Universidade de Stanford (2017) já alertava: usuários que compartilham atividades físicas online são 3 vezes mais propensos a exagerar desempenhos. E a indústria de wearables movimenta US$ 70 bi anuais, com parte do crescimento alimentado pela busca por status.
O FakeMy.Run, claro, não incentiva fraudes. É um hack ético, um espelho para quem troca o asfalto pelo scroll. Como diz o criador: “Se sua corrida só existe no GPS, talvez o problema não seja o app, mas o que você quer provar.”
O site já tem fila de espera e críticas de maratonistas tradicional.