Como uma movimentação financeira arriscada pode redefinir o futuro do X e da xAI.
Elon Musk, o bilionário conhecido por suas apostas ousadas e reviravoltas imprevisíveis, fez mais uma jogada que deixou o mercado em suspense. Ontem, sem consultar investidores, o magnata transferiu a propriedade do X (antigo Twitter) para sua empresa de inteligência artificial, a xAI, em um acordo que valorizou a plataforma de mídia social em US45bilhões.
Mas os números, por si só, não contam toda a história. O movimento financeiro veio acompanhado de um detalhe crucial: Musk repassou aos investidores da xAI uma dívida pessoal de US$ 12 bilhões, originalmente garantida por suas ações da Tesla como parte de um empréstimo de margem. A manobra levantou suspeitas entre especialistas, que veem nela não apenas uma reestruturação empresarial, mas uma estratégia para se proteger de um possível terremoto no valor das ações da Tesla.
Um ajuste de contas antes da tempestade?
A Tesla, alicerce da fortuna de Musk, enfrenta meses turbulentos. Com os resultados do primeiro trimestre de 2025 prestes a serem divulgados em abril, analistas preveem um desempenho fraco — e, consequentemente, uma queda acentuada no preço das ações. Se isso acontecer, Musk, que já usou parte de sua participação na montadora como garantia para empréstimos bilionários, poderia enfrentar chamadas de margem (margin calls), forçando-o a liquidar ativos ou injetar capital.
“Transferir a dívida para a xAI é como passar a batata quente para outro bolso”, explica alguns reportes e especialista em mercados de tecnologia. “Se a Tesla despencar, o impacto direto sobre Musk diminui, mas os investidores da xAI agora carregam um risco que não escolheram assumir.”
O X como peça de um tabuleiro maior
Desde que comprou o Twitter por US$ 44 bilhões em 2022, Musk transformou a plataforma em um laboratório de experimentos — cortes drásticos de pessoal, mudanças controversas de moderação e uma integração acelerada com outras empresas suas, como a xAI. Agora, ao fundi-las oficialmente, ele parece estar consolidando sua visão de uma infraestrutura tecnológica unificada, onde dados de mídia social alimentam modelos de IA.
Mas a estratégia tem custos. O X, que já foi considerado supervalorizado na aquisição original, hoje luta para atrair anunciantes e competir com rivais como Meta e TikTok. Seu valuation inflado no acordo com a xAI pode ser menos uma avaliação realista e mais uma manobra contábil para justificar a transferência de dívida.
O risco para os investidores da xAI
A xAI, startup que desenvolve o chatbot Grok e outros projetos de inteligência artificial, agora herda não apenas o X, mas também a dívida bilionária de Musk. Para alguns fundos de venture capital que injetaram capital na empresa, a surpresa pode ser amarga. “Investidores esperam apostar em IA, não em uma rede social endividada”.
Se a Tesla cair e a dívida se tornar um problema, a xAI pode ver sua trajetória desviada antes mesmo de decolar.
Musk, conhecido por sua capacidade de levantar capital contra todas as expectativas, ainda pode surpreender. Mas desta vez, sua jogada parece menos sobre inovação e mais sobre sobrevivência financeira. O mercado aguarda o próximo lance e se ele conseguirá, mais uma vez, desafiar a lógica.