Em um hangar discreto nos arredores da capital eslovaca, engenheiros ajustam as asas de um veículo que parece saído de um filme de ficção científica. Não é um avião. Nem um carro comum. É o Aircar, o primeiro automóvel esportivo voador certificado para decolar literalmente no mercado em 2025. Por US$ 1 milhão, os compradores poderão alternar entre asfalto e céu em 80 segundos, promete a fabricante Klein Vision.
A máquina, que já completou 500 voos de teste sem incidentes, é a aposta mais ousada da mobilidade aérea urbana. No modo terrestre, atinge 200 km/h. Quando asas se estendem e o motor a pistão entra em ação, transforma-se em uma aeronave capaz de voar 1.000 km a 250 km/h.
“É como pilotar um supercarro que ganha asas”, descreve um dos testadores, sob condição de anonimato.

O Certificado que Mudou o Jogo
O aval da autoridade de aviação eslovaca em 2022 após dois anos de testes rigorosos foi o marco que faltava para tirar o projeto dos renders futuristas e colocá-lo na pista (e na pista de pouso). “O certificado de aeronavegabilidade prova que não é um brinquedo de bilionário, mas um veículo funcional”, afirma cofundador da startup.
A Klein Vision, no entanto, enfrenta desafios além da engenharia: regulamentações de tráfego aéreo em cidades, a necessidade de mini aeroportos e, claro, o preço. Com produção limitada, o Aircar mira um nicho que já compra jatos privados mas sonha em estacionar em casa.
O Futuro ou uma Fantasia Cara?
Especialistas ouvidos pela reportagem dividem-se. “A tecnologia está avançada, mas a infraestrutura não”, pondera pesquisadora de transporte aéreo urbano. Enquanto Dubai e Singapura testam “skyports”, a maioria das metrópoles nem tem legislação para carros voadores.
Ainda assim, a Klein Vision já recebeu “dezenas de consultas” de clientes dos EUA e Oriente Médio. Para eles, o preço é secundário: querem ser os primeiros a cruzar o céu no que pode ser o próximo capítulo da mobilidade ou um brinquedo exclusivo para poucos.