Enquanto satélites lotam o espaço, as grandes empresas disputam um lugar no mercado de criptomoedas.
O céu não é mais o único lugar congestionado. Enquanto a órbita terrestre enfrenta um risco crescente de colisão entre satélites, o mercado financeiro vive seu próprio “engarrafamento”, só que de Bitcoin. Nos últimos três meses, empresas listadas em bolsa injetaram mais de US$ 11 bilhões na criptomoeda, transformando-a em um ativo tão disputado quanto as faixas de lançamento espacial.

A MicroStrategy, pioneira na corrida corporativa pelo BTC, adquiriu mais 6.911 unidades (cerca de US$ 700 milhões), reforçando sua posição como a maior detentora pública. Enquanto isso, a GameStop, conhecida por reviravoltas no mercado de ações, levantou US$ 1,3 bilhão em títulos conversíveis, destinando parte ao Bitcoin, um movimento que ecoa sua estratégia de diversificação pós-viralização nas redes sociais.
Do outro lado do Pacífico, a japonesa Metaplanet acumulou 3.050 BTC (US$ 250 milhões), enquanto a Ark Invest, da estrela dos ETFs Cathie Wood, comprou 997 BTC via Coinbase. Até a Trump Media, controladora da rede Truth Social, anunciou um fundo de US$ 2,5 bilhões com exposição significativa à criptomoeda.
O efeito dominó institucional
Os números revelam um padrão claro: 60 a 80 empresas reabasteceram reservas de Bitcoin entre abril e maio de 2025, segundo análises de mercado. A estratégia varia desde hedge contra inflação até apostas na alta do preço, mas o resultado é o mesmo: pressão compradora recorde.
“Grandes aquisições diretas, como as da MicroStrategy, têm impacto imediato no preço”, explica Lena Watanabe, analista da Chainalysis. “Quando um player compra US$ 80 milhões em BTC de uma só vez, como fez a Ark Invest, o mercado reage em cadeia.”
Riscos e oportunidades
Apesar do otimismo, especialistas alertam para a volatilidade. Em 2024, o BTC chegou a cair 30% em um mês após picos de compra institucional. Mas para empresas como a KULR Technology, que elevou suas reservas para 668 BTC, o risco vale a pena. “É uma proteção contra desvalorização de caixa”, disse o CEO Michael Mo em comunicado.
Enquanto isso, o espaço sideral enfrenta seu próprio dilema: com mais de 8.000 satélites ativos, a órbita terrestre está tão concorrida quanto o mercado de criptomoedas. Parece que, no século XXI, até os ativos precisam de faixas exclusivas para evitar colisões.
Dados da Glassnode mostram que 70% do BTC em circulação está em carteelas inativas há mais de um ano, sinal de que investidores institucionais estão competindo por um ativo cada vez mais escasso.