Arthur Lima dos Santos, 15 anos, mais conhecido como “Faisquinha”, é o novo campeão do Tryout capoeira 2024, o primeiro reality show televisionado de capoeira, realizado na Vila Olímpica de Sampaio, no Rio, neste mês de dezembro. O Tryout objetiva preparar o atleta de capoeira a ser um atleta de alto rendimento.
Garoto simples nascido e criado na Baixada Fluminense, Duque de Caxias, ele é filho do mestre Faísca e foi incentivado pelo pai desde pequeno a amar e praticar capoeira. “Sou capoeirista de berço. Quando eu nasci, a primeira roupa que eu vesti foi um abadá de capoeira. De lá pra casa o primeiro som que eu escutei foi o som do berimbau. Comecei a treinar aos 2 anos de idade, sempre treinei entre os adultos, sempre fui muito cobrado para ter boas notas na escola, uma boa disciplina e uma boa rotina de treino”, conta Fasquinha, que aos 6 anos foi campeão brasileiro em uma categoria acima da sua. Esta primeira vitória o incentivou a participar de competições.
Com a rotina intensa de treinos, o atleta teve seu punho fissurado no final de agosto de 2023 e só se recuperou em meados de janeiro de 2024. Voltando à rotina intensa de treinos teve que fazer uma pausa em fevereiro de 2024 por conta de um cansaço frequente e anormal.
“Porém, meu pai e mestre já tinha me inscrito em uma competição para abril no Rio de Janeiro, e assim mesmo com esse cansaço eu competi e fiquei em segundo lugar. No mês seguinte, já havia outra competição prevista só que desta vez em Belo Horizonte onde conquistei a medalha de bronze”, relata.
O atleta conta que os treinos não podiam parar porque mesmo com bons desempenhos ele não conseguia alcançar o objetivo principal. “Antes do Tryout eu perdi duas competições, uma delas sendo realizada em Brasília nas seletivas do mundial do vmb. Após meu péssimo desempenho na última competição fiquei bastante abalado no início, mas depois eu treinei o dobro para mudar isso”.
O Tryout
Chegou no Tryout meio desacreditado, porém após a apresentação no palco e a chegada na casa ele estava determinado a vencer. “Eu não podia sair da mesma forma que eu cheguei e me determinei a vencer”. Os treinos na casa mais vigiada da capoeira foram duros, o coordenador mestre Muralha não deixava brechas para descanso. Foram treinamentos de alto rendimento e alta dificuldade com três treinamentos por dia. Faisquinha
acordava juntamente com os outros atletas às 5 horas da manhã em jejum para correr. E mesmo com treinos no meio do percurso da corrida ele era sempre um dos primeiros a chegar. Após a corrida de 30 minutos, aconteciam mais treinos de potência e velocidade. Após o almoço, havia treinos de técnica e à noite treinos de quedas e galopante, e assim se repetindo por dois dias. No último dia, um treino na praia com uma corrida mais longa e um treino mais pesado na areia e entrada na água.
No final dos treinos, mestre Muralha comunicou que os atletas teriam que competir entre si. “Saímos de casa na parte da tarde e ficamos em uma concentração na arena olímpica do Sampaio para que a noite fossemos competir. Após entrar no tatame para competir era inevitável pensar em tudo o que passamos na casa. E após eu finalmente ser campeão era inevitável a emoção porque vinha na mente todas as dores que eu passei e o esforço que determinei para vencer”, conta Arthur Lima dos Santos.
“Então eu só quero agradecer ao meu mestre Faísca e a toda família diretriz e aos meus patrocinadores que acreditaram em mim”. Agora o campeão só pensa em seguir na carreira e conquistar novos títulos.
Apresentação na 12ª Edição da Tattoo Week Rio
Arthur, junto com o grupo do mestre Faísca, vão se apresentar na 12ª Edição da Tattoo Week Rio, que acontecerá de 24 a 26 de janeiro, na ExpoMag, ao lado da Prefeitura, na região central da cidade.
Mestre Faísca faz um trabalho social para retirar os jovens periféricos da criminalidade através da capoeira.
Capoeira: Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
A capoeira é muito mais que uma expressão cultural brasileira; ela é resistência, história e uma forma de se conectar com as raízes afro-brasileiras. Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2014, essa arte mistura dança, luta, música e uma boa dose de criatividade. Em cada movimento, há uma narrativa de superação e liberdade, lembrando o período em que os negros escravizados utilizavam a capoeira para preservar sua identidade cultural e resistir à opressão. Hoje, ela é praticada em rodas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, criando pontes entre pessoas de diferentes origens e estilos de vida.
