Em salas de aula sem ar-condicionado, onde o ar pesa como um cobertor úmido, crianças chinesas enfrentam um inimigo silencioso, o calor que corrói a saúde mental. Um estudo abrangente, envolvendo mais de 20.000 alunos em idade escolar, expôs a relação crua entre temperaturas elevadas e sintomas depressivos e isso é um alerta para um planeta em aquecimento.

Os dados, coletados em regiões urbanas e rurais, mostram que cada dia adicional de calor intenso ampliava o risco de depressão em 13%, em média. Entre crianças de zonas rurais, onde a exposição ao sol é maior e o acesso a recursos é limitado, o índice saltava para 22%. “O corpo cansa, a mente desmorona”, resumiu um professor anônimo de uma escola sem refrigeração.
Por que o calor consome a mente?
Cientistas apontam para mecanismos biológicos e sociais:
- Privação de sono: Noites quentes reduzem o descanso reparador, alimentando irritabilidade e desesperança.
- Isolamento: Com o calor extremo, atividades ao ar livre, essenciais para o desenvolvimento são abandonadas.
- Desigualdade climática: Crianças rurais, muitas vezes em casas precárias, sofrem mais que as urbanas.
O estudo não apenas confirma o que pais e professores já suspeitavam, que o suor escorre junto com o ânimo mas também acende um debate global. Enquanto cidades como Xangai investem em “refúgios climáticos” em escolas, comunidades pobres ficam à mercê do termômetro.
O futuro é quente (e preocupante)
Com projeções da ONU indicando que 2024 pode ser o ano mais quente da história, a pesquisa chinesa serve de sirene. “Se não adaptarmos espaços escolares, estaremos criando uma geração marcada pelo clima”, alerta um dos pesquisadores.
Enquanto isso, em salas abafadas, cadernos viram leques improvisados. E a pergunta que ecoa é: Quantas crianças precisarão derreter antes que o mundo aja?