Em um mundo onde lives de venda movimentam bilhões, a China decidiu oficializar o que já era inevitável, transformar streamers em profissionais diplomados. Universidades de Xangai anunciaram a criação de cursos especializados para capacitar influenciadores digitais, em uma resposta direta ao fenômeno que domina 75% do tempo online dos chineses e responde por um terço de todas as vendas virtuais do país.

A iniciativa foi desenvolvida em parceria com plataformas de streaming e o governo, não será um mero tutorial de câmera e iluminação. Os alunos enfrentarão provas, avaliações de desempenho e, ao final, receberão diplomas que atestarão sua habilidade em converter scroll em consumo.
A medida reflete a maturidade de um mercado onde transmissões ao vivo deixaram de ser entretenimento para se tornar o principal canal de comércio eletrônico na China. Enquanto o Ocidente ainda debate a regulamentação de influencers, o país avança na institucionalização da profissão, com métricas claras e respaldo acadêmico.
Dados do China Internet Network Information Center mostram que, em 2023, mais de 620 milhões de pessoas assistiram a lives de vendas um aumento de 29% em dois anos. Para as universidades, a aposta é estratégica: formar os próximos Li Jiaqi (o “Rei das Vendas ao Vivo”, que já movimentou US$ 1,5 bilhão em um único dia) não é só um negócio, mas uma necessidade econômica.
Os críticos veem risco de padronização em um setor que cresceu sob a espontaneidade. Já os defensores argumentam que, em um mercado saturado, o diferencial será a excelência técnica, desde roteiros persuasivos até análise de dados em tempo real.
Enquanto isso, o resto do mundo observa. Se o modelo chinês decolar, diplomas para streamers podem deixar de ser uma curiosidade para virar requisito em currículos. Afinal, como diz um provérbio adaptado ao século XXI: “Se você não está na tela, não está no jogo”.
Empresas globais de educação e tecnologia devem monitorar a evolução desses cursos, podem ser um laboratório para o futuro do e-commerce mundial.